terça-feira, 21 de julho de 2009

Educação: livre para pensar

[11.7.09 11:18 AM | Débora Martins]
Hoje compartilho um artigo de Jaime Pinsky publicado na Revista da Livraria Cultura.
Um abraço,
Débora


PRECONCEITO? ESTOU FORA. ESTOU MESMO?
Conviver em sociedade exige um exercício constante de autocrítica para que a discriminação das diferenças não se transforme em intolerância e desrespeito
Por Jaime Pinsky

Uma forma bem brasileira de demonstrar preconceito são as piadinhas. Nelas, os portugueses (e as loiras) são sempre burros, os italianos barulhentos, os argentinos arrogantes, os judeus argentários, os “turcos” comerciantes ladinos e por aí afora. Nada contra piadas, desde que elas não sirvam como veículo de reprodução e reforço de estereótipos. E estereótipos são responsáveis por frases estúpidas, como “loiras, porém inteligente”, ou “argentino, porém modesto”. O “porém” deixa claro que aquele indivíduo é a exceção que confirma a regra.
A função social do preconceito é colocar o objeto dele em posição de inferioridade. Quando berramos no trânsito que “dona Maria deveria pilotar fogão”, não um carro, queremos dizer que todas as mulheres dirigem mal. O corolário é óbvio: “Como não sou mulher, obviamente eu dirijo bem, e, portanto, sou superior a todas as mulheres”. Raciocínios desse tipo é que levaram uma nação culta e civilizada a supor que qualquer “ariano” era superior a Einstein, por este ser judeu, de raça inferior, consequentemente.
Os relativistas que me desculpem, mas o preconceito ganha terreno quando falamos da suposta inferioridade da mulher com relação ao homem, do velho com relação ao jovem, do negro com relação ao branco. Se a mulher tem menos força que o homem, possui, por outro lado, mais resistência e vive mais. Se o jovem tem a pele mais lisa e mais vigor, perde em experiência e tolerância. Cor de pele é melanina, não raça, uma vez que os humanos, sem exceção, fazem parte de uma só raça.
Além disso, do ponto de vista intelectual, não há nenhuma diferença provada entre baixos e altos, escuros e claros, homens e mulheres, garotões e maduros, homossexuais e heterossexuais, norte e sul-americanos, europeus e africanos. Por mais que grupos e estados racistas tenham tentado provar essa tese.
No entanto, estamos sempre discriminando (a discriminação é o preconceito em ação): discriminamos os “sem-carro” ao não respeitarmos faixas de pedestres; discriminamos cadeirantes ao não construirmos rampas entre as ruas e as calçadas; discriminamos ambos quando o ônibus não encosta no meio-fio para facilitar a subida do passageiro; discriminamos pobres ao não fornecer ensino público universal de qualidade. Como a discriminação (atitude) decorre do preconceito (pensamento), é evidente que somos preconceituosos.
Pesquisa recentemente feita no Brasil dá conta de que mais de 90% das pessoas consultadas acham que existe preconceito; por outro lado, praticamente nenhum dos consultados se considera preconceituoso. Preconceito, portanto, é o dos outros, o que nós temos é opinião formada sobre os assuntos.
Nada como buscar a opinião de “minorias” para nos darmos conta do preconceito nosso de cada dia. Gostaria de sugerir a leitura de alguns livros que organizei, para o aprofundamento do tema: em 12 faces do preconceito, há interessantes olhares, como o de Jean- Claude Bernardet sobre os homossexuais, ou o do dr. Luiz Eugênio Garcia Leme sobre os idosos. Em Brasileiro é assim mesmo: cidadania e preconceito (esgotado), a procuradora Luiza Nagib Eluf e eu apresentamos um olhar cotidiano sobre o tema. Faces do fanatismo, que fiz junto com a historiadora Carla Bassanezi Pinsky, mostra situações-limites geradas pelo preconceito. E A invenção das raças, do geneticista italiano Guido Barbujani, pulveriza, cientifi camente, o ranço racista que subsiste em certos círculos. Boa leitura!

Revista da Cultura/julho/2009

Vale refletir e colocar em prática: falar é fácil....e você? Também tem somente uma opinião formada sobre os assuntos?
Um abraço,
Débora

Um comentário:

  1. Educação:Livre para pensar
    Comentários do post 40671369

    O que vale nessa vida é ser feliz. E ser feliz é ser livre, é dizer chega para quem quer impor regras segundo só a sua ótica.

    Marianita | 16-07-2009 15:48:20



    A diversidade cultural e racial é condição fundamnetal para a perpetuação da espécie!

    Mário Machado | Email | 12-07-2009 17:20:16

    ResponderExcluir

Obrigada por contribuir com esse espaço de informação.

Atalho do Facebook

Sobre...

2013 5ª ENEX 5º ENEX 5º Fnex Acervo Revista Ciência Hoje Acessos Administração Municipal Adriana Falcão Amigo Animação Aprender a Aprender aprendizagem Araquém Alcântara Artes Assédio Moral Atividades Educativas Áudio autismo Avaliação Biblioteca Bicudas Bienal blog Blog do Sítio Boas Festas Brasília calvin Campus Party Cecília Meireles Celular Cenp Centro Educacional Pioneiro Charge Cidade dos Meninos Cidade Interativa Ciência e Tecnologia Colégio Caminhar Computador em sala de aula CONAE Concursos Conhecimento Conhecimentos Prévios Contação de Histórias Coordenador Pedagógico Cortinas Creative Commons Cultura Digital Currículo currículo nacional Cursos online Débora Martins Desenho Infantil Desenrolando a fita Deu Paula na TV Dica de Leitura Dicas Dicionário CC Direito Autoral Diversidade Documentário download Drive Thru de Oração e-book EAD eBooks ECA Editor de Imagem educação Educação e Formação Educação e Gripe Educação e Mudança Educação e Trabalho Educação e trabalho em equipe Educação Familiar Educação Inclusiva Educação Infantil Educação Inovadora Educação Pública EducaParty Elie Bajard Ensino de Tempo Integral Escola Escola da Ponte Escola de Governo Escola do Futuro Escola Pública Escola Reflexiva Estágio Facebook Família Feira Literária FENTEC Férias Férias;Material Escolar Fernando Pessoa Filmes Filosofia Folclore Formação Foto Flex Fotografia Fundação Lemann Gadotti Gestão Escolar google Guia da Reforma Ortográfica Helena Negreiros História da Escrita Honoris Causa Imagem Imagens Free Inclusão Inclusão Digital Índio Índio Educa Inquietações Intervenção Isabel Alarcão João Acaiabe jogo da memória Jogos Jogos do Brasil José Manuel Moran José Pacheco Leis Leitura Leitura Digital Leitura e Tecnologia Líder Liderança Líderes em Gestão Escolar Links listas de palavras Literatura livro digital livro virtual Livros livros acadêmicos lixo eletrônico Luciana Trocolli Lula Maria Helena Negreiros Marina Colasanti Matemática MEC Meio Ambiente migração do blog Minhas Anotações Monteiro Lobato Mundo do Sítio Museu Virtual Música O que é um wiki? Online Convert Open Education Week 2012 parceria Paulo Freire Paulo Freiris Pesquisa Pilar Lacerda Pinterest Pipal de Papel Planejamento PNE Poemas e Poesias Política Pública portfolio Prática Pedagógica Prezi Processo Criativo Professores Profissão Educador Progressão Continuada Project Gutenberg Projeto EntreMeios Projeto Político Pedagógico Projetos Prova Brasil REA REA Brasil Reajuste Salarial Rede In_Formação Redes Sociais Reflexão registro respeito Reunião com pais Revista Educação Pública Revista Época Revista Espírito Livre Rio+20 Roteiro de Vídeo Ruth de Aquino Saberes dos Alunos Sala de Aula Santo André Saresp Seminário Sérgio Amadeu SESC Simpósio Caminhar Site Situação de Aprendizagem Software Livre Tablets Tarsila do Amaral Tatiana Belinky Teatro Tecnologia Tecnologia;Lea Fagundes TEDxRio Tempo Tendências Pedagógicas Território do Brincar Trabalho Coletivo TV Escola Twitter Twitter Mix UNB Undime Unesp Uso da internet USP Vídeo Vìdeo Vídeo Educacional Vídeo Educacional; Voxli Webinar Wiki ZooBurst

Livres para pensar...

Pesquisar este blog

Quem sou eu

Minha foto
São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil
Professora, Pedagoga,Psicopedagoga, Mestranda em Educação, esposa, mãe,formadora de professores.

Eu participo....

Postagem Recente...