terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amo meu filho, mas ele terá de pagar

   Entre tantas preocupações que tenho como mãe, a que rodeia incansavelmente os meus pensamentos é: Quais valores quero que minha filha tenha frente aos acontecimentos do mundo?
   Quando li a reportagem que compatilho com vocês, fiquei pensando na situação desse pai ...
  Acredite: todo pai erra tentando acertar. Só que algumas ações dos pais não são tão bacanas... mas como saber???
"Amo meu filho, mas ele terá de pagar"

Coronel da PM é um exemplo do drama dos pais que dão tudo aos filhos e sofrem ao vê-los cometer crimes
Maurício Meireles
   Antes de sair de casa, no sábado à noite, Paulo Olímpio, de 28 anos, ouviu do pai o conselho de sempre: “Juízo”. No que dependesse do pai, que é coronel da PM, Olímpio seria oficial da Marinha. Mas o filho preferiu cursar a faculdade de gastronomia – e o pai aceitou pagar o curso. Até pouco tempo atrás, Olímpio recebia mesada. O pai o ajudou ainda a abrir um negócio, uma pequena empresa de fornecimento de refeições prontas, as quentinhas. Na noite do sábado, Olímpio encontrou os amigos Leonardo Gusmão Rodrigues, de 25 anos, e Glauco Telles Nunes, de 30, que é soldado da PM. Partiram juntos para o ensaio da escola de samba Grande Rio, na Lagoa Rodrigo de Freitas, área nobre da cidade. No carro – roubado –, havia duas pistolas calibre 380. Às 5h30, eles fecharam um carro, que acabou batendo num poste. Os três amigos se aproximaram do carro acidentado. Olímpio apontou a pistola para o motorista, disse ser da PM e exigiu o relógio e o cordão de ouro da vítima.
   De repente, perceberam que três policiais se aproximavam. Tentaram fugir, mas se renderam depois de ouvir um tiro de advertência. “Eles só queriam joias. Sei que eles estavam na mesma festa e me seguiram desde lá, porque disseram o nome de um amigo que estava no camarote”, afirma a vítima. Na delegacia, depois de ter sido acusado de receptação e tentativa de roubo qualificado, Olímpio imaginava a decepção que causaria ao pai. Nem sequer ligou para pedir ajuda. Dois casais assaltados na mesma noite reconheceram Olímpio e Glauco como os bandidos.
   O coronel Lopes soube da notícia de manhã, quando recebeu a ligação de um repórter. Foi quando viu desmoronar os planos que tinha para Olímpio. “Sempre avisei que, se um dia ele fosse preso, não era para me ligar. Eu o amo, mas ele vai ter de pagar por seus erros”, diz.
   Olímpio é mais um jovem que recebeu tudo dos pais, e mesmo assim se envolveu com o crime. Ainda visivelmente abalado, o coronel deu a seguinte entrevista a ÉPOCA.

   ENTREVISTA - PAULO LOPES
QUEM É: Coronel reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, é pai de Paulo Olímpio Lopes, envolvido em assalto à mão armada na Zona Norte da cidade
  O QUE FEZ: Conhecido pelo rigor e pela disciplina, investigou e puniu casos de corrupção nos 14º e 15º batalhões da PM

ÉPOCA – Como foi a criação de Paulo Olímpio?
Coronel Paulo Lopes – Tive um relacionamento com a mãe dele de 1977 a 1985. Nós nos separamos quando o Paulo Olímpio ainda era criança. Ele foi criado dentro do padrão que meu salário na polícia permitia, um padrão de classe média. O desempenho escolar dele era ótimo. Quando tinha problemas na escola, sempre o alertava. Paguei curso preparatório para ele seguir carreira militar. Paguei duas vezes curso pré-vestibular. Estou certo de que ofereci toda a assistência material, intelectual e afetiva. Sempre fui um exemplo.

ÉPOCA – Um exemplo como?
Lopes – Sempre trabalhei na PM em prol do interesse da sociedade. A atividade policial deve preservar a sociedade, não pode ser exercida por marginais. Promovi a recuperação moral do 15º Batalhão. Cumpri meu dever, nunca fui leniente com o mal. Por isso, não serei leniente com meu filho.

ÉPOCA – Ele estava trabalhando?
Lopes – Sim. Descobri que tinha aptidão para cozinhar, por isso paguei a faculdade de gastronomia. Dei mesada a ele até o ano passado, quando terminou o curso e decidiu abrir um negócio de quentinhas, que ajudei a montar. Infelizmente, ele preferiu ouvir os apelos do mundo. Os filhos devem dar mais ouvidos às orientações dos pais. Eu o vejo neste momento como um coitado, digno de pena. Poderia estar desfrutando sua juventude, sua liberdade.

ÉPOCA – Ele recebia mesada?
Lopes – Pois é. Um dinheirinho que eu mandava todo mês. Quem é o pai que faz isso por um filho de 28 anos? Se errei, lamento. Mas errei tentando acertar, dar o melhor para meu filho. Se tivesse me ouvido, poderia ser um oficial da PM ou da Marinha. Ele poderia estar em uma situação mais cômoda. Antes desse episódio, minhas últimas palavras foram: “Deus te abençoe. Juízo”.

ÉPOCA – Como o senhor reagiu à notícia de que ele estava preso por assalto?
Lopes – Dói, mas só me resta lamentar. Tenho certeza de que cumpri meu papel. Se houve falha, foi dele. Mesmo assim, não o deixarei sem apoio. Um pai não pode abandonar seu filho. Claro que revolta, mas só quero o bem dele. Espero que reflita e faça uma mudança interior. Ele sabe o dano que me causou e a si mesmo. É um momento de reflexão.

ÉPOCA – O senhor está recebendo críticas de dentro da PM?
Lopes – As críticas que tenho recebido vêm de um segmento podre da PM. Eles me odeiam porque os puni quando cometeram transgressões. Cumpri meu dever e não me arrependo. Podem zombar, não estou nem aí. Ficarei firme como uma rocha. Eles se valem do anonimato porque são covardes. Os covardes morrem várias vezes antes da própria morte. Só os inescrupulosos podem ter uma postura crítica em relação a mim.

ÉPOCA – Que conselho daria aos pais?
Lopes – Quem sou eu para aconselhar se meu filho cometeu um crime? Meu conselho é para os filhos: deem ouvidos às instruções de seus pais, caso contrário vocês podem pagar um preço alto.

Fonte: Revista Época - fevereiro/2010

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