Por: Juliana Finardi e Flavio de Souza Lima*
Qual é o papel da escola como intermediária da relação entre os jovens e a tecnologia?
Videogame, celular, computador, MSN, Orkut, facebook, twitter... Qualquer que seja a tecnologia ou rede social, o leitor pode acreditar que, na escola, a garotada ‘tá ligada’. E não importa se o colégio é particular ou público – neste sentido a tecnologia é democrática: todos, de alguma forma, têm acesso a algum desses meios.
Mas é em torno de toda essa modernidade que vem à tona uma questão das mais polêmicas: qual é o papel da escola como intermediária da relação entre os jovens e a tecnologia? O celular é uma luta diária entre professores e alunos. Enquanto eles querem manipular o aparelhinho o tempo todo, os professores batalham pela atenção dos rapazes e moças.
O paradoxo fica por conta da nova moda entre as prefeituras “moderninhas” que disponibilizam aos alunos computadores para uso na escola. Foi um nítido caso de ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Deixando a ironia de lado, os computadores podem e devem muito bem cumprir um papel de complemento da educação formal.
Quem diria que há muito pouco tempo o sonho de muitos era um curso de datilografia. Hoje completamente em desuso, já que crianças bem pequenas nascem e crescem brincando nos teclados da casa. Nós, pais, professores, devemos trabalhar sim como mediadores nessa relação tão polêmica. Nada como ensinar o uso consciente de uma ferramenta que atende tão bem não só as curiosidades dos pequenos, mas as necessidades de informação dos maiores e, por que não, a instrução diária de pais modernos.
Nesse instante, surge um complicador. Como se não bastasse a exclusão digital das famílias, sobretudo das menos abastadas, existe também a resistência de boa parte dos professores, alguns deles chegam a imaginar o PC saltando da mesa em direção às suas gargantas. Exageros à parte é comum encontrarem dificuldades em lidar com a máquina, já que falam a novíssima linguagem “com sotaque”.
Durante alguns anos, o Masp (Museu de Arte de São Paulo) ministrou, através de seu setor educativo, um curso de História da arte para professores. O interessante é que a didática utilizada pelo formador, professor Renato Brolesi, desmistificava a aura academicista e elitista que sempre envolveu a arte. A proposta era contextualizar a obra e a biografia do autor, assim, arrolando aspectos de época, o curso consistiu em subsídio importante para as aulas dos professores.
Do mesmo modo, devemos implementar a formação digital docente. Os educadores precisam se apossar, literalmente, da ferramenta. Com o termo “ferramenta” é como devem ser tratadas as novas tecnologias, a figura do professor é cada vez mais necessária, já que deve ter o papel de “facilitador”, intermediando o processo de aprendizagem. Para tanto, gestores e os próprios educadores devem assumir a responsabilidade com criatividade e utilização dos novos recursos, visando a melhoria da qualidade. É isso.
*Juliana Finardi é professora e jornalista do ABCD MAIOR.
*Flavio de S. Lima é professor e blogueiro do ABCD MAIOR.
Fonte: Jornal ABCD Maior
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